Entenda como Ucrânia e Rússia atraem jogadores brasileiros mesmo em guerra

Brasileiros no Futebol Europeu: O Impacto da Guerra na Ucrânia e as Oportunidades em Clubes Russos

A guerra que começou na Ucrânia em fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram o país, causou uma série de repercussões em diversos setores, inclusive no mundo do futebol. Desde aquele momento, as organizações Fifa e Uefa tomaram a decisão de suspender a participação de clubes russos em competições internacionais. Essa medida, sem dúvida, teve um impacto direto nas finanças do futebol local. No entanto, o que se observa é que, mesmo em meio a crises, o investimento em jogadores continua a ser expressivo, com clubes russos gastando mais de R$ 4 bilhões em transferências nos últimos três anos e meio.

No cenário atual, o número de jogadores brasileiros que se mudaram para a Rússia e Ucrânia nesta janela de transferências chegou a 23. Desses, 14 atletas foram para clubes ucranianos, enquanto 9 se juntaram a equipes russas. Em um total, 62 brasileiros estão jogando na elite desses dois países, sendo 34 na Ucrânia e 22 na Rússia. O número total de estrangeiros, por sua vez, é ainda maior, atingindo 288 profissionais. Esse fluxo de atletas brasileiros para o leste europeu é notável e levanta questões sobre as motivações por trás dessas transferências.

Os Números das Transferências e as Oportunidades Financeiras

Nesta janela de transferências, um dos destaques foi o volante Gerson, que deixou o Flamengo e foi para o Zenit, em uma transação que rendeu 25 milhões de euros ao clube carioca. Além dele, Luiz Henrique também fez a mudança, transferindo-se do Botafogo para o Zenit por 35 milhões de euros. Segundo Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, as questões financeiras são, sem dúvida, determinantes para essas escolhas. Ele destaca que a carreira de um atleta profissional tem um prazo de validade relativamente curto e que os salários oferecidos por clubes russos são extremamente atraentes.

A lógica é bastante simples, segundo Freitas: “Um atleta pode ganhar em quatro ou cinco anos o que conseguiria em 15 anos no Brasil.” Essa afirmação reflete uma realidade que muitos jogadores enfrentam ao considerar suas opções de carreira. Por outro lado, na Ucrânia, os investimentos são menores, mas o país continua a competir em torneios da Uefa, como a Champions League, o que proporciona visibilidade internacional e a chance de ganhar prêmios financeiros significativos.

Atração pelos Clubes Ucranianos e Russos

Recentemente, o Shakhtar Donetsk, um dos grandes clubes da Ucrânia, contratou Luca Meirelles, do Santos, por 12 milhões de euros. Além dele, também foram adquiridos Lucas Ferreira, do São Paulo, e Isaque, do Fluminense, ambos por 10 milhões de euros. Meirelles, por sinal, se destacou na plataforma E-Scout, que avalia jogadores com base em atributos físicos e ofensivos. É importante notar que tanto o Zenit quanto o Shakhtar têm criado um ambiente favorável para a integração de jogadores brasileiros. Thiago Freitas observa que a combinação das habilidades técnicas dos brasileiros com a força dos atletas locais resultou em títulos e um clima considerado único nos clubes.

Talita Garcez, advogada especializada em direito desportivo, também comenta sobre a atratividade do mercado. Mesmo com a guerra, o futebol na região continua a prosperar. Para muitos jogadores, as transferências para esses clubes representam uma oportunidade de crescimento profissional, visibilidade internacional e, o que é mais importante, estabilidade financeira.

Conclusão

Portanto, ao analisar o cenário atual das transferências de jogadores brasileiros para a Rússia e Ucrânia, fica evidente que, apesar dos desafios impostos pela guerra, as oportunidades financeiras e profissionais ainda são muito sedutoras. Os clubes, que adaptaram suas estratégias e continuam a investir, oferecem um espaço promissor para muitos atletas. Diante disso, é interessante observar como o futebol, mesmo em tempos difíceis, consegue se manter relevante e atrativo para os jogadores.