Emerson Leão se arrepende de ter assumido Seleção: “Devia ter falado não”

Emerson Leão Revela os Desafios de Liderar a Seleção Brasileira

O ex-goleiro e técnico da Seleção Brasileira, Emerson Leão, fez declarações impactantes sobre sua passagem pela equipe nacional, refletindo sobre os desafios e as dificuldades que enfrentou no início dos anos 2000. Durante uma entrevista para o programa CNN Esportes S/A, Leão confessou que se arrepende de ter aceitado o convite para comandar a Seleção e que, em retrospectiva, deveria ter recusado o cargo.

Um Convite Controverso

Emerson Leão, que já havia sido um jogador respeitado, foi chamado para assumir a Seleção em um momento delicado. Ele afirma que sua recepção na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) foi um sinal claro de que a situação não seria fácil. Logo no início, percebeu que não contava com o apoio necessário da diretoria da CBF, o que o deixou desanimado. “Da maneira que eu fui recebido, eu já percebi que eu não ia chegar na Copa. Nós estávamos jogando a Copa das Confederações, e eu sabia que já tinha conversas sobre outro treinador”, revelou Leão.

Desconfiança e Falta de Apoio

Leão também destacou que o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, não o queria no cargo. Ele se sentiu como um substituto temporário, alguém chamado apenas para preencher um espaço. “Eu fui chamado para cobrir um espaço, porque eu não era o desejado do presidente. Eu fiquei oito, nove meses na seleção e nunca conversei com o presidente”, lamentou. Essa falta de comunicação e apoio fez com que Leão se sentisse perdido e sem identificação com a equipe.

Restrições na Convocação

Em sua narrativa, Leão revelou que enfrentou limitações severas nas convocações de jogadores. Durante um torneio fora do país, ele recebeu instruções que restringiam sua liberdade de escolher atletas de grandes clubes. “Mandaram um recado: ‘Olha, você não pode convocar jogador dos times grandes de São Paulo, Rio, Belo Horizonte… mas tem que ganhar’”, contou. Apesar das dificuldades, ele se esforçou para levar bons jogadores e acabou eliminado pela França, que na época era a campeã mundial.

Boicote ou Falta de Estrutura?

Ao ser questionado sobre um possível boicote por parte da CBF, Leão foi categórico ao afirmar que a entidade mal existia na época. “Não tinha estrutura. Eu não conversava com as pessoas que decidiam. A situação era complicada”, disse. Essa falta de estrutura e apoio organizacional fez com que sua experiência como técnico fosse ainda mais desafiadora e desmotivadora.

A Demissão Surpreendente

Um dos momentos mais marcantes da sua trajetória como técnico foi a forma como soube de sua demissão. Leão negou que sua dispensa tivesse ocorrido durante um voo, mas contou que foi informado de maneira abrupta por um amigo. “Ele me chamou na lanchonete e disse: ‘Você está demitido’. Fiquei surpreso com a falta de consideração”, relatou. A situação, que poderia ter sido tratada de maneira mais respeitosa, deixou uma marca em sua memória.

Reflexões Finais

Leão concluiu sua entrevista refletindo sobre o que poderia ter sido feito de diferente. Ele afirmou que deveria ter seguido o exemplo de outros técnicos que disseram não ao cargo quando não se sentiram prontos. “Eu que errei de ter aceitado. Era muito primário pra mim. Eu deveria ter falado não”, desabafou. Essa experiência, embora dolorosa, trouxe lições importantes sobre a importância de se valorizar e reconhecer os próprios limites.

Considerações Finais

Hoje, Emerson Leão é uma figura respeitada no futebol, tanto como ex-jogador quanto como ex-técnico. Suas experiências na Seleção Brasileira são um testemunho de como a pressão e a falta de apoio podem impactar a carreira de um profissional do esporte. O mundo do futebol é fascinante, mas também repleto de desafios que nem sempre são visíveis aos olhos do público.